Sabe aqueles livros que você lê porquê foram exaustivamente referenciados em outros livros que você também leu? Pois essa foi a razão que eu acabei lendo “A Corrupção da Inteligência” do Flavio Gordon. Caso você também queira comprá-lo, basta clicar neste link. Mas se ainda está em dúvida, continue lendo (ou veja o vídeo abaixo).
Sobre o livro de Flavio Gordon – A Corrupção da Inteligência
O livro é rico em conteúdo. Logo de início, o autor introduz ao leitor a hipótese trifuncional criada por Georges Dumézil para os povos indo-europeus (ou seja, toda a civilização ocidental e mais um pouco). Nessa hipótese, o poder irradia de 3 fontes:
- Poder político-militar, que pertence historicamente aos nobres e guerreiros.
- Poder econômico, dos produtores e comerciantes.
- Poder ideológico-cultural, que ao longo da história esteve associado aos sacerdotes, clérigos e intelectuais. Esse poder é, por sinal, o menos enfatizado e menos estudado – talvez de maneira proposital – em tempos recentes.
Em seguida Flávio traça um paralelo interessante entre Lula e Hitler – algo que poderia ser para lá de clichê, mas no caso não o é. Pelo contrário, a comparação tem um embasamento impar. Tanto o ditador alemão quanto o ex-presidente não alcançaram as esferas mais altas do poder por serem excepcionais oradores ou estrategistas, mas sim por serem representativos. Cada um deles foi a personificação perfeita do que Ortega Y Gasset definiu como o homem-massa.
A Elite “intelectual” distanciada do cidadão comum
Um ponto onde o autor traduziu pensamentos que por longo tempo eu nutri é no descolamento entre a mentalidade da elite intelectual (se é que ela merece ser chamada de elite, ou de intelectual) brasileira e da média do povo. Inclusive, é fácil notar o desprezo de jornalistas e artistas globais pelo povo.
Nesse ponto, vale citar o próprio autor:
A opinião pública média (palavra derivada do latim medium, donde “media”, em inglês; “mídia”, em português; “médias”, em francês etc.) não corresponde necessariamente às ideias e aos valores da maioria da população de um país. No Brasil, por exemplo, resta claríssimo que aquela média está totalmente descolada do grosso da população, cujos valores tendem a ser conservadores, religiosos e tradicionalmente moralistas.
A média da opinião pública brasileira é formada, ao contrário, por uma elite cultural altamente secularizada (quando não abertamente antirreligiosa), progressista e antitradicionalista. Essa elite tem, decerto, o seu próprio moralismo — o politicamente correto. Isso explica o aparente paradoxo de um grupo de pessoas que, gostando de se autorrepresentar como aliadas dos pobres e dos necessitados, nutrem, não obstante, um mal disfarçado desprezo pelos valores destes, que, no fundo, julgam “ignorantes”, “atrasados” e “reacionários”´
Os intelectuais brasileiros têm sido, dessa forma e como explicado por Daniel Pécaut, elite quando necessário e povo quando conveniente.
O Aparelhamento das Escolas
O livro expõe também uma excelente explicação sobre o método Gramscista de aparelhamento do sistema educacional. Ele explica como Gramsci determinou que a revolução começava por dominar meios como:
- Escolas e Universidades
- Igrejas
- Jornais
- A esfera do Show Business
Uma vez dominado esses meios, também chamados de aparelhos privados de hegemonia, o sistema ideológico envolveria o cidadão por todos os lados, desde a infância e o universo escolar até mais tarde na igreja, exército, justiça, cultura e diversões, sem a menor trégua. Esse envolvimento tem um nome.
A Prisão de Mil Janelas Gramscista, explicada por Flavio Gordon
Um outro ponto, e este me chocou por ser algo tão nítido hoje e que mesmo assim tanta gente passa por ele despercebido, é a retirada da autoridade paternal e maternal na educação dos filhos. Algo que, como aponta Flávio, já era dito por Robespierre, um dos ideólogos da revolução francesa e do terror pós-revolucionário.
Para Robespierre e outros revolucionários, a educação e autoridade dos pais enfraquece a revolução, pois transmite morais, gostos e valores conservados por gerações, enquanto a revolução busca a ruptura.
Salvador Allende e a KGB
O Livro também é rico em conteúdos históricos, expondo a relação do ex-presidente chileno Salvador Allende e o orgão de inteligência soviético, a KGB. Os soviéticos, por meio da KGB, direcionaram consideráveis somas de dinheiro ao socialista Allende, bem como subornaram senadores para garantir a continuidade de seu governo.
O Chile sob Allende, essencialmente, se transformaria em um puppet state soviético tal qual Cuba o foi.
Mas a ação da inteligência soviética não se restringiu somente ao Chile. Como o livro aponta, outros orgãos foram alvos. Documentos encontrados na República Checa apontam tentativas de influência (nem todas bem sucedidas) nas seguintes instituições:
- Governo e Parlamento no Brasil (No documento checo, descrito como Vláda-Brazilie a parlament)
- Ministério de Relações Exteriores do Brasil (MZV-Brazílie)
- Polícia e Serviço de Inteligência brasileiros (Policie a zprav. sl.)
- Partidos políticos no Brasil (politické strany v Brazílii)
- Petrobras/CNP
- BNDES (Národní banka rozvoje-Brazílie)
- Jornalistas brasileiros (Novináři-Brazílie)
- Ligas Camponesas (Rolnické Ligy)
Ou seja, após o provisório sucesso no Chile, os comunistas da URSS voltaram suas atenções ao Brasil, e buscaram nesses orgãos exercer influência no país e subverter as instituições.
A Tradição, e o excesso de exteriorização sentimental dos Brasileiros.
Uma das citações mais brilhantes presente no livro pertence ao diplomata Mário Viera de Mello, sobre os brasileiros compreenderem o mundo como um palco e terem pouca sensibilidade às qualidades invisíveis.
O brasileiro de nossos dias é pouco sensível às qualidades da alma que são menos óbvias, às qualidades que são, por assim dizer, invisíveis. Escapa-lhe completamente o sentido valioso de um gesto de reticência, de uma palavra não proferida, o valor moral associado à repressão silenciosa de um movimento de egoísmo, de vaidade ou de orgulho. A exteriorização dos sentimentos parece constituir para ele a garantia única de que tais sentimentos existem […] É a compreensão do mundo como um palco que leva o brasileiro a uma exteriorização excessiva de seus sentimentos, exteriorização que, muitas vezes, não é possível levar a efeito sem uma certa insinceridade […] A sua [do brasileiro] concepção de bondade, de generosidade, de cordialidade não é nem falsa nem sincera — é estética.
O livro também, em outro momento, aponta como a tradição pode ser definida como uma extensão do direito de voto, significando conceder o voto à mais obscura de todas as classes, que é a dos nossos antepassados. Como disse G.K. Chesterton, a tradilção é a democracia dos mortos. É a tradição que se recusa submeter-se à pequena e arrogante oligarquia dos que apenas calham de estar andando por aí.
Pensamentos Finais sobre Flavio Gordon – A Corrupção da Inteligência
Flavio Gordon, em A Corrupção da Inteligência, se vale de anos de experiências e convivência no idiotizante meio universitário brasileiro, e, mais especificamente no pior dos círculos deste meio (as ciências humanas), expõe a responsabilidade dos nossos “intelectuais” na destruição da nossa alta cultura, seguindo o projeto Marcusiano de demolição dos alicerces morais da sociedade.
Algumas pouquíssimas ressalvas podem ser feitas, principalmente quanto à certos termos usados fora do significado original, mas o livro merece 5 estrelas não somente pela coragem do autor mas também pela extensa bibliografia usada para fundamentar o contexto histórico que levou ao estado degradante das universidades e da cultura brasileira.
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Autor: Levi Borba, do canal Vale a pena comprar?
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